Todo mundo já viu um "canal", certo? E agora vou te falar que todo canal um dia já foi um riacho! Sim, canais são riachos que sofreram o processo de retirada da vegetação ribeirinha, aterramento, retificação e impermeabilização de seu leito, dentro do paradigma da engenharia monofuncional, que visava aumentar a superfície construtiva das cidades à medida em que reduziam os espaços de rios, riachos e zonas alagáveis.
A verdade é que esse processo provoca diversos problemas: os enormes alagamentos que as cidades hoje enfrentam; aumento da temperatura nos leitos desses cursos d'água, provocando a morte dos peixes; lançamento irregular de esgotos não tratados, poluindo completamente as águas; diminuição das chuvas na região, causando períodos de seca, etc. Enfim, canalizar um riacho é transformar a vida em morte. É matar por completo algo que gera vida, beleza e biodiversidade.
É aí que surge o conceito de Renaturalização de cursos d'água, que é o processo de resgatar ao máximo as funções naturais de um rio através de sua despoluição; da retirada do revestimento em concreto das bordas e fundo, aliada à promoção de maior sinuosidade ao curso d’água; replantio de espécimes ribeirinhas nativas, recuperando as margens. Estas medidas auxiliam na resiliência do recurso hídrico, melhorando
também a qualidade da água e a biodiversidade. Esse tipo de ação entra no que chamamos de "Drenagem Urbana Sustentável" ou "Infraestrutura Verde".
Existem diversos casos de sucesso de renaturalização de rios ao redor do mundo. Um deles é o Rio Cheonggyecheon, em Seul, na Coréia do Sul. Veja as imagens abaixo!
Rio Cheonggyecheon, antes e depois.
Rio Cheonggyecheon, renaturalizado.
Rio Cheonggyecheon, renaturalizado.
Rio Cheonggyecheon, após o processo de Renaturalização, em Seul.
E por último, essas imagens são do Projeto Parque Setúbal, que propõe a criação de um parque linear ao longo do atual Canal de Setúbal, em Recife-PE, renaturalizando e despoluindo, transformando em local de lazer, biodiversidade e VIDA urbana! O projeto é de minha autoria com orientação de Fabiano Diniz e um dia ainda o verei pronto!
Comments